quinta-feira, 18 de março de 2010

O retorno dos Cavaleiros do Zodíaco (sim, denovo...)


Acompanhando o JBox, venho lendo várias notícias sobre a volta do anime "Os Cavaleiros do Zodíaco" (Saint Seiya, no original, de Masami Kurumada) às TVs brasileiras. Aparentemente, os licensiadores da série no Brasil vão novamente investir pesado no marketing, trazendo produtos e tentando reproduzir o sucesso de anos atrás. Eu, particularemente, duvido que isso dê certo. Por quê? Vejamos...

Pra quem viveu os últimos 15 anos em Marte e nunca ouviu falar de tal série, aqui vai uma pequena aula de história nerd: em 1994, a extinta Rede Manchete, na época famosa pela exibição de seriados japoneses, leva à sua programação um anime que contava a história de Seiya e seus amigos, que eram guerreiros trajando poderosas armaduras e serviam à deusa Athena, reencarnada como a jovem Saori Kido. A missão dos Cavaleiros era defender Athena, que por sua vez que protegia a Terra contra outros deuses do panteão grego que desejavam dominá-la. Vários elementos até então inéditos para o público brasileiro fizeram da série um sucesso estrondoso, como nunca se viu antes nem depois. Récordes de audiência eram quebrados, chegando até mesmo a superar novelas da Rede Globo, enquanto alguns pais arrancavam aos cabelos devido às grandes doses de sangue e violência exibidos nas lutas. Pra todo lado que se olhava, via-se algo relativo aos Cavaleiros: brinquedos, materiais escolares, revistas, álbuns de figurinhas, roupas, filmes nas locadoras e no cinema... eles estavam em toda parte.

A febre dos Cavaleiros do Zodíaco durou até meados de 1996, quando foi gradativamente esfriando até desaparecer por completo, mas não sem antes abrir as portas para o mercado dos animes no Brasil. A própria TV Manchete exibiu com sucesso várias outras séries, enquanto demais emissoras também queriam sua fatia do bolo.

Na minha opinião, como já disse antes, o fator de tamanho sucesso foi a novidade; as crianças da época não conheciam ainda animações que tivessem uma continuidade tão intricada, em que cada episódio era sequência direta do anterior. As sanguinolentas lutas enchiam os olhos da molecada, misturadas ao pano de fundo da mitologia grega (e nórdica, em alguns pontos) e às armaduras ligadas às constelações. Tudo isso gerou um grande fascínio, justo numa época onde as crianças eram mais ingênuas e se deixavam levar por qualquer coisa com um pouco mais de elaboração. Justamente aí está o fato que, por mim, a série não teria o mesmo sucesso hoje em dia; não mais novidade. Os animes já são parte do cotidiano das crianças e jovens no Brasil. Não há em Cavaleiros que a garotada não já tenha visto em Naruto ou Dragon Ball, por exemplo. A grande prova disso é que a série chegou a voltar ao ar em 2004, pela Band (que também será responsável pela nova exibição da série) e Cartoon Network, mas mesmo o marketing pesado da época não fez com que o sucesso de outrora se repetisse.

O fato de que as crianças de antes eram mais ingênuas também conta. Re-assistindo à série depois de adulto, pude notar vários furos no roteiro da mesma, coisa que hoje em dia muitas crianças também podem notar. Claro, a série gerou uma legião de fãs que até hoje a elegem como o melhor anime da história, mas isso se deve puramente ao fator nostálgico, que também não terá efeito sobre as crianças de hoje. Não digo que a série não vá dar audiência, mas AQUELE sucesso de 94 seria meio impossível de ser repetido.

Enfim, o negócio é pagar pra ver. Sinceramente, se for pra assistir a algo dos Cavaleiros, prefiro a nova série spin-off Lost Canvas, atualmente em exibição no Japão e com um roteiro bem melhor que a série original.

2 comentários:

Neto disse...

Concordo plenamente quando você diz que na época as crianças nao conheciam animações que tinham uma continuidade tão bem elaborada. Deixando sempre ao final de cada capítulo a curiosidade de ver o próximo. Para mim essa foi a chave do sucesso dos cavaleiros!

Lucas Mateus disse...

CDZ foi um grande marco para as crianças e adolescentes (como eu) da geração dos anos 90. Junto com o desenho vieram outros animes japoneses de sucesso, revistas especializadas... Fenomeno de tamanha proporção, nos dias de hj, acho difícil de acontecer novamente. Tudo é uma questão de momento e acredito que o timing dos CDZ e de outros animes passou, para a infelicidade dos atuais apreciadores de Crepúsculo e Avatar.